quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Chevrolet Comodoro

A década de 70 marcou um momento singular da indústria brasileira: pela primeira vez Ford, Chrysler e GM competiam entre si no segmento de carros de luxo nacionais. Ford Galaxie e Dodge Dart eram os principais representantes da escola americana, mas ganharam um concorrente de peso em 1975: o Chevrolet Comodoro.

Praticamente um Opala com outro nome, ele mantinha a receita de projeto alemão e mecânica americana, mas tinha sua própria identidade graças ao luxo que o distinguia do irmão mais simples. A pintura metálica era exclusiva, o teto era sempre revestido de vinil (inteiriço no sedã e em parte no cupê) e o aço inox predominava nos frisos e sobrearos. Faróis de neblina, molduras dos faróis e centro das calotas da cor do carro e uma profusão de emblemas completavam a decoração exterior.O desempenho estava à altura do requinte: trazia o tradicional seis-em-linha de 4,1 litros, com 148 cv (brutos). Para uma tocada mais nervosa, o câmbio manual de quatro marchas tinha alavanca no assoalho e os largos pneus 7,35 x 14 davam seu melhor para manter o pesado Chevrolet na trajetória. Mas ele deixava a desejar nas curvas, graças à distribuição de peso ruim e à suspensão macia.O teste publicado em abril de 1975 comprovava suas credenciais esportivas: 0 a 100 km/h em 15,3 segundos e máxima de 165,442 km/h. "O motor, com muita força, permite boas acelerações e retomadas de velocidade bem rápidas", dizia o texto, que elogiava o conforto para cinco e o baixo nível de ruído. Em trechos de serra, andava junto dos Dart e Galaxie, mas levava um baile do luxuoso Alfa Romeo 2300. Os freios também eram um ponto negativo.Porém ele era quase imbatível na cidade: os assentos reclináveis faziam a festa dos namorados e o interior apresentava um belo carpete de buclê de náilon (preto e marrom) e uma imitação de jacarandá no painel e volante. Mas ainda estava abaixo do Ford Landau. Direção hidráulica e ar-condicionado eram um mimo a mais, numa época em que eram itens restritos aos automóveis mais caros e exclusivos.Em 1976, ganhou a opção de motor 250-S: tuchos de válvulas sólidos, taxa de compressão alta, commando esportivo e carburador duplo o levaram a 171 cv. No ano seguinte, recebeu câmbio mais longo e a opção de um quatro-cilindros de 98 cv.

Primeira geração do Range Rover


Range Rover ClassicA primeira geração do Range Rover tem um privilégio raro no mundo do automóvel, o de ter criado um segmento próprio: os SUVs de luxo. Antes dele, ninguém imaginava colocar carpete num rústico 4x4, até então destinado a batalhas na lama e paisagens rurais. Apresentado em 1970, foi resultado de uma ideia concebida no pós-guerra, quando a Rover idealizou um utilitário baseado em uma perua de luxo.

Sua semelhança com os espartanos Land Rover estava só no chassi de longarinas sobre eixos rígidos. A carroceria era de painéis de alumínio apoiados sobre estrutura de aço, para maior rigidez torcional. As suspensões eram de longo curso, com molas helicoidais de baixa carga, resultando em conforto de automóvel sem perder a capacidade off-road. O 4x4 atuava o tempo todo com o auxílio de um diferencial central com bloqueio pneumático para situações críticas. Bancos de tecido, quadro de instrumentos completo e interior acarpetado eram inéditos num veículo do tipo, e a alta qualidade de construção rivalizava com os sedãs de luxo da Rover.
A carreira aventureira começou em 1971, na Expedição Britânica Transamericana, indo do Alasca à Terra do Fogo. Depois, venceu o Paris-Dakar em 1979 e 1981. Parte do sucesso se deve ao V8 3.5 Rover, todo de alumínio. Com um câmbio manual de quatro marchas, atingia 153 km/h e ia de 0 a 100 km/h em pouco mais de 15 segundos, notável para um utilitário. Sucesso imediato de público e crítica, alcançou fila de quase um ano de espera. O ápice da sofisticação foi em 1992, quando foi chamado de "Rolls-Royce da lama", com direito a interior de couro Connolly e suspensão pneumática eletrônica regulável. É dessa linhagem o carro ao lado, um Vogue 1992 do empresário Eduardo Andrade de Carvalho. "É um legítimo estradeiro, graças ao desempenho do V8. A suspensão é macia e indiferente à qualidade do piso: com asfalto ou sem, ele anda sempre no mesmo ritmo. Mas isso tem seu preço: consumo de 4 km/l."
Com tantas qualidades, essa geração permaneceu em produção até fevereiro de 1996, convivendo ainda dois anos com seu sucessor. Sucesso para ninguém botar defeito, dentro ou fora da estrada.

Made in USA
O V8 de alumínio do Range Rover foi desenvolvido pela Buick na década de 50, destacando-se pelo tamanho reduzido e peso
de apenas 144 kg. O alto custo de produção fez com que a GM vendesse o projeto à Rover, que o aprimorou
e o manteve em linha até 2006.